quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Neuroanatomia - Medula espinhal


Generalidades: A Medula Espinhal (ME) e seus nervos associados têm imensa importância funcional. Essas estruturas atuam para:
· Receber fibras aferentes, oriundas de receptores sensoriais do tronco e membros;
· Controlar os movimentos do tronco e membros;
· Fornecer inervação autonômica para a maioria das vísceras;
· Também é um centro reflexo.

II. Conceito
É um dos órgãos que constituem o SNCentral, localizado dentro do canal vertebral (não o ocupando totalmente) e que mede aproximadamente 45 cm. Trata-se de uma estrutura que pouco se modifica desde sua formação embrionária. É um órgão aproximadamente cilíndrico, porém levemente achatado anteriormente, é a porção alongada do SNC, é a continuação do encéfalo, que se encontra no interior da coluna vertebral. Ela estende-se do forame magno (abertura do osso occipital) até a parte superior da 2ª vértebra lombar. Cranialmente limita-se com o bulbo e caudalmente ela vai se afilando para formar um cone, o cone medular, que continua com um delgado filamento meníngeo, o filamento terminal.




  
III. Alguns termos importantes
1 - Decussação: formação anatômica constituída por fibras nervosas que cruzam obliquamente o plano mediano.
2 - Comissura: formação anatômica constituída por fibras nervosas que cruzam transversalmente o plano mediano.
3 - Fibras de Projeção: associam pontos distantes, em órgãos diferentes. Ex: pedúnculos cerebelares.
4 - Fibras de associação: associam pontos distantes , mas sem abandonar o mesmo órgão. (dentro da mesma estrutura).

IV. Morfologia externa
1- Limites:
1.1 - Superior: plano horizontal que passa acima da primeira raiz nervosa do primeiro nervo espinhal (bulbo) que passa ao nível do forame magno.
1.2 - Inferior: termina em nível de L1 à L2.

2 - Dilatações: o diâmetro da ME varia muito em diferentes níveis. Apresenta duas dilatações, formadas pelo maior número de corpos de neurônios e fibras nervosas que formam os plexos.
2.1 - Intumescência cervical: é a dilatação da medula espinhal na região cervico-torácica devido o aumento do número de neurônios cujas fibras nervosas vão constituir os nervos destinados ao pescoço e membros superiores (plexo braquial). Estende-se de C3 à T1.
2.2 - Intumescência lombar: é a dilatação da medula espinhal na região lombossacral devido o aumento do número de neurônios cujas fibras nervosas vão constituir os nervos destinados aos membros inferiores (plexo lombossacral). Estende-se de L1 a S2.

3 - Cone medular: extremidade caudal da ME em forma de cone.

4 - Fio terminal: é um prolongamento da pia-máter que estende-se do cone medular até o
fundo do saco dural.

5 - Filamento da dura- máter espinhal: é a continuação do fio terminal quando ultrapassa o
saco dural.

6 - Cauda eqüina: raízes nervosas dos últimos nervos espinhais ( de L2 a S4 ).

7 - Sulcos:
A superfície da ME é marcada por uma série sulcos longitudinais:
7.1 - Fissura mediana anterior - na superfície anterior.
7.2 - Sulco mediano posterior - na superfície posterior.
7.3 - Sulcos lateral anterior - saída das raízes ventrais dos nervos espinhais.
7.4 - Sulcos lateral posterior- entrada das raízes dorsais dos nervos espinhais.
7.5 - Sulco intermédio - na superfície posterior, estendendo-se dos níveis cervicais superiores até os torácicos médios.

8 - Funículos:
A substância branca circundante é formada, em sua maior parte, por fibras nervosas de curso longitudinal, ascendendo da ME para o encéfalo, ou descendo do encéfalo para os diferentes níveis da ME.
8.1 - Anterior - entre a fissura mediana e o sulco lateral superior.
8.2 - Lateral - entre sulcos lateral anterior e posterior.
8.3 - Posterior - entre sulcos lateral posterior e mediano posterior.
Subdividido em ( de C1 até C6 ) :
8.3.1 - Fascículo grácil
8.3.2 - Fascículo cuneiforme


.
9 - Substância Cinzenta : tem a forma de um “H”, com 4 protusões, os cornos (pontas).
9.1 - Cornos posteriores: local principal de terminação das fibras aferentes.
Ela inclui a substância gelatinosa, que tem participação importante na transmissão de impulsos nociceptivos para o encéfalo.
9.2 - Cornos anteriores: corpos celulares dos neurônios motores inferiores, que inervam os músculos estriados.
9.3 - Cornos laterais: neurônios pré-ganglionares simpáticos. De T1 a L2 e parte sacral.



V. Envoltórios medulares (meninges):

1 - Conceito: são três revestimentos meníngeos concêntricos. Membranas de tecido conjuntivo fibroso.

2 - Tipos:
2.1 - Dura-máter: paquimeninge - o revestimento mais externo. É uma membrana grossa e fibrosa - fibras colágenas.
2.1.1 - Saco dural - termina próximo em nível da vértebra S2.
2.1.2 - Filamento da dura-máter espinhal - é o fio terminal assim que atravessa o saco dural.
2.1.3 - Ligamento coccígeo - fixa tanto a ME quanto o saco dural.
2.2 - Aracnóide: leptomeninge - intermediária. É uma membrana translúcida que reveste a ME como se fora um saco frouxo.
2.2.1 - Trabéculas aracnóideas - rede filamentosa de fibrilas de tecido conjuntivo formada pela união da aracnóide pela pia-máter no período embrionário.
2.3 - Pia-máter: leptomeninge - revestimento mais interno. É uma fina membrana vascular, intimamente aplicada à superfície da ME e de suas raízes nervosas.
2.3.1 - Ligamentos triangulares - ancoram a ME à aracnóide e, por meio desta, à dura-máter.
2.3.2 - Ligamentos denteados dois ligamentos formados pela união dos ligamentos triangulares.


Funções da medula espinhal: 
a medula conduz impulsos sensitivos da periferia do corpo ao encéfalo e respostas do encéfalo à periferia do corpo. Ela também serve como centro reflexo. Os reflexos respondem automaticamente a um estímulo que passa ao longo de um arco reflexo. Os reflexos são os principais mecanismos do corpo pra responder à estímulos dos meios interno e externo.
3 - Espaços entre as meninges:
3.1 - Epidural (extra-dural) - entre a duramáter e o periósteo do cacentral vertebral contém gorduras e vasos sanguíneos.
3.2 - Sub-dural - entre a dura máter e aracnóide (pouco líquido).
3.3 - Subaracnóideo - entre a aracnóide e a pia- máter (contém líquido cérebro-espinhal - Líquor); mais importante - explorado clinicamente na região lombar (punções, medida de pressão, anestesias raquidianas, mielografias).





VI. Nervos espinhais:
1 - Conceito: São cordões esbranquiçados que emergem da medula espinhal e através dos forames intervertebrais deixam a coluna vertebral. São em número de trinta e um (31) pares responsáveis pela inervação do tronco, dos membros e de parte da cabeça.
Nervos espinhais: são aqueles que se ligam a medula espinhal e são responsáveis pela inervação do tronco, dos membros superiores e de partes da cabeça. Formam um total de 31 pares divididos em:
- 8 pares cervicais
- 12 pares torácicos
- 5 pares lombares
- 5 pares sacrais
- 1 par coccigeano

2 - Formação: o nervo é composto de duas raízes:
2.1 - Raiz dorsal - sensitiva, fibras aferentes (posterior).
2.1.1 - Gânglio sensitivo ( corpos de neurônios ).
2.2 - Raiz ventral - motora, fibras eferentes (anterior).
2.3 - Tronco do nervo : da união da raiz dorsal com a raiz ventral, forma- se o tronco do nervo espinhal. Imediatamente após saírem dos forames intervertebrais, se dividem para formar.

2.4 - Ramo dorsal (posterior e fino) - inervará a pele e musculatura do dorso.
2.5 - ramo ventral (anterior e bem mais grosso ) - Inerva os músculos, a pele da parte anterior do corpo e os membros.
* Ambos os ramos são funcionalmente mistos.




VII. Topografia vertebromedular:

1 - Conceito de segmento medular : porção onde ocorre a conexão da medula com os filamentos radiculares. Cada porção da ME da onde origina um par de nervos espinhais.
2 - Crescimento da coluna vertebral em relação ao da medula espinhal.
2.1 - Fetal- do tamanho da coluna vertebral
2.3 - Nascimento- na altura de L3
2.4 - Adulto- na altura das L1 e L2

3 - Interpretação da topografia vertebro-medular:
3.1 - Entre C2 e T10 - soma-se 2
3.2 - Entre T11 e T12 - corresponde aos cinco segmentos lombares
3.3 - Na vertebra L1 - corresponde aos cinco segmentos sacrais
3.4 - Na vertebra L2
4 - Tratos : Pequenos feixes de fibras no interior dos funículos :
4.1 - Tratos ascendentes (sensitivos): Conduzem impulsos sensitivos aferentes, dos receptores periféricos para os centros encefálicos; todos cruzam a linha mediana.
4.1.1 - Fascículos Grácil e Cuneiforme: Sentidos de posição dos ossos, das articulações e dos músculos (propriocepção consciente), estereognosia e sensibilidade vibratória e tato epicrítico (fino).
4.1.2 - Tratos espinotalâmicos : dor, temperatura, tato, pressão.
4.1.3 - Tratos espino-cerebelares: propriocepção inconsciente.
4.2 - Tratos descendentes (motores): levam o impulso do cérebro para os neurônios motores que regulam a musculatura esquelética.
4.2.1- Tratos Piramidais (Córtico- espinhais) : originam-se de células piramidais no córtex do giro pré central e passam pelas pirâmides do bulbo; controle voluntário dos músculos esqueléticos , especialmente movimentos de precisão.
4.2.2- Tratos extrapiramidais: Originados de vários núcleos do tronco encefálico; modificam as contrações musculares para a postura em equilíbrio.



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